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VOCÊ TRISTE, SEU BANCO FELIZ: PORQUÊ O ENDIVIDAMENTO DAS FAMÍLIAS BRASILEIRAS SÓ CRESCE?

Pesquisa mostra que dívidas atingem a maior parte da população e que a inadimplência está em níveis elevados.

77,7% das famílias brasileiras estavam endividadas em abril de 2022, segundo a CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo). A pesquisa coleta mensalmente dados de 18 mil famílias espalhadas por todas as capitais brasileiras e o Distrito Federal.


O endividamento das famílias brasileiras atingiu nível recorde mês passado. A inadimplência também chegou ao patamar mais alto desde o começo da série histórica, iniciada em 2010. Os dados foram divulgados na última segunda-feira (2).


Considera-se uma família endividada aquela que deve um valor que precisa ser pago em algum momento futuro pré-determinado. É o que acontece, por exemplo, quando uma pessoa faz uma compra parcelada no cartão de crédito. Ela se compromete a pagar o restante do valor em um determinado momento.


Segundo a pesquisa, a maior fonte das dívidas é o cartão de crédito. A pesquisa vale apenas para pessoas físicas, já que reúne dados de famílias consumidoras.


Os números também mostram um alto nível de inadimplência. Endividamento e inadimplência não são a mesma coisa. A inadimplência acontece quando a pessoa não respeita o período determinado para pagar uma dívida. Mais de 28% das famílias brasileiras estavam inadimplentes em abril de 2022. É o maior nível desde janeiro de 2010, primeiro mês de realização da pesquisa da CNC.


O registro de endividamento recorde no Brasil acontece em um momento de baixa tração da atividade econômica. Além disso, a renda média dos trabalhadores chegou ao menor nível na série histórica do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), iniciada em 2012. A inflação alta, por sua vez, corrói o poder de compra.


Dado que a inflação está alta, a renda que sobra para consumir é muito pequena. Isso faz com que a demanda total da economia se reduza. Assim, esse endividamento não está em gastos muito grandes como financiamento de casa ou de carro. Está no cartão de crédito, em gastos básicos que as famílias não estão conseguindo suprir. O desemprego é um agravante.


Quando não há perspectiva de aumento da demanda além do considerado "gasto básico", gera-se uma incerteza sobre a produção futura, e os investimentos acabam caindo na indústria em geral, comprometendo também o crescimento econômico do país. Lembro, além, que o crash global de 2008 teve início com uma crise de inadimplência no mercado imobiliário americano. Ou seja, altos níveis de endividamento e inadimplência aumentam o risco no setor financeiro do país.


Decisões precisam ser tomadas: até que ponto reajustes sucessivos na taxa SELIC com a justificativa de conter a inflação e segurar o câmbio são eficazes num momento de inflação de oferta*, crise de endividamento das famílias e de baixa tração econômica resultando em desemprego e fome?


*Inflação de oferta é aquela na qual ocorre um aumento em fatores que incidem diretamente sobre o custo de produção do bem. Por exemplo, caso ocorra o aumento do valor da matéria-prima, os produtos que são derivados dessa matéria irão sofrer uma inflação. Estamos num momento de alta no preço de energia e commodities.


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